quinta-feira, 10 de maio de 2012



A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA ATUALIDADE

A crise ambiental que vivenciamos atualmente é resultante de alterações humanas no meio.
Há algumas dezenas de anos, essas modificações eram limitadas às áreas mais densamente povoadas, mas atualmente atingem quase toda a biosfera.
Os problemas ambientais são evidenciados tanto no espaço urbano como no agrário, repercutindo na superfície terrestre de modo geral, a exemplo do aquecimento global. Infelizmente, os interesses econômicos ainda estão acima do cuidado e respeito ao meio ambiente.
Com o advento do capitalismo e a Revolução Industrial nos fins do século XVIII, o consumo dos países desenvolvidos foi impulsionado, favorecendo assim, o aumento da exploração dos recursos naturais dos países subdesenvolvidos: fornecedores de matéria-prima. O desenvolvimento desse industrialismo, incalculavelmente destruidor, provoca a poluição e a exaustão de alguns recursos minerais e florestais.
Na Amazônia, um exemplo claro é a Serra do Navio, no Estado do Amapá. Neste local, a exploração indiscriminada do minério de manganês durante 50 anos pelos americanos gerou a exaustão. Moral da história: a Serra do Navio é hoje uma “cidade-fantasma”, restando no local desilusões e perda total do minério, uma vez que foi transportado e armazenado nos Estados Unidos. A Amazônia ganhou como “prêmio de consolação”, imensas crateras no solo amazônico.
Geralmente atividades industriais estão relacionadas a problemas ambientais. SAMPAIO (2005) afirma que a Revolução Industrial provocou 2 facetas para a sociedade – O BEM E O MAL: “O espetacular desenvolvimento da indústria, alcançado ao longo do século XX, trouxe benefícios e prejuízos para a humanidade. Produtos industrializados como o avião, a televisão e o computador, sem nenhuma dúvida, são maravilhas do mundo contemporâneo. Por outro lado, a devastação das florestas, a poluição da atmosfera, rios e mares são o lado negativo desse avanço industrial”. Apesar de sua importância a satisfação das necessidades humanas, a indústria, as inovações tecnológicas e principalmente agroindustriais tem sido as maiores responsáveis pela degradação do ambiente.
MARX (1977) já havia previsto os efeitos desastrosos do capitalismo, pois ofereceria riscos para a humanidade, uma vez que os códigos do mercado levam a destruição da natureza. As transformações socioeconômicas promovidas pelo sistema capitalista influenciam não apenas as relações de poder entre trabalho e organização social, mas afetam a visão acerca da natureza e o modo de o ser humano se relacionar com ela. Não é a toa que o pensamento de Marx sempre foi sistematicamente ecológico.
Sabemos que os países desenvolvidos capitalistas encontram nos subdesenvolvidos a matéria-prima necessária para a fonte de suas riquezas. Àqueles, por sua vez, não se preocupam com os problemas ambientais causados por sua ganância desenfreada. Destarte, os problemas ambientais não são focos de discussão. Negam-se ao óbvio, como é o caso dos Estados Unidos que recusaram assinar o Protocolo de Kyoto. Este ato ratifica tudo o que foi mencionado anteriormente: assinar seria comprometer o seu desenvolvimento a qualquer custo, uma vez que o Estado Americano é um dos mais poluidores do mundo.
É necessária a participação ativa da sociedade a fim de evitar a continuação dos entraves ambientais. A educação ambiental tem a ver com a nossa relação dentro da sociedade, com qualidade de vida que temos e com a nossa sobrevivência. Daí, a necessidade de unificar o conhecimento de maneira que seja refletida a preservação do meio ambiente que é o espaço de manutenção da vida do ser humano, que tem que ser preservada com sustentabilidade, ou seja, desenvolver-se economicamente assegurando as necessidades do presente sem ameaçar a vida da futura geração.
A educação ambiental como um tema de preocupação mundial apareceu pela primeira vez na década de 70 através da conferência de Estocolmo. Em 1977, Tbilizi, ocorre a primeira Conferência de Educação Ambiental. O princípio básico é de que o ser humano precisa se apropriar e transformar o mundo natural. O ser humano só consegue transformar-se no decorrer dos tempos através de sua ação sobre a natureza. Ele tem o direito e a necessidade de intervir na natureza, caso contrário, seriamos iguais aos outros seres vivos que não modificam sua maneira de ser e viver através dos tempos. Ao mesmo tempo, porém, é necessário considerar a existência de limites éticos nesse direito de intervenção. Portanto, o conceito de sustentabilidade direciona a ação de homem para a permanência de sua espécie na terra, com qualidade e harmonia (SIOLI, 1985)
O grande desafio da Educação ambiental é ajudar a criar um homem ético, uma vez que a ÉTICA tem como essência os costumes, os hábitos adquiridos que são compreendidos ao longo do processo civilizatório. Portanto, não é algo natural e sim construído. O homem ético é aquele que reconhece ter obrigações para com a sociedade. É aquele que descarta e substitui a lei do mais forte. BRANCO (1991) aborda muito bem essa afirmação: “O homem ético aceita conscientemente, nos seus semelhantes, o direito à vida e o direito à liberdade, assumindo o compromisso de não eliminar a vida do próximo e de não restringir a sua liberdade: A liberdade de cada um se estende até o limite da liberdade do próximo, e esse limite tem de ser reconhecido eticamente, pois ele não é fixado pela natureza”. (pág. 106)
A sociedade atual necessita urgentemente pôr em prática esses princípios éticos de respeito ao próximo e ao meio natural. Muitas vezes, a ausência desses princípios por uma minoria, leva a destruição de uma nação inteira, a exemplo de uma série de bombas lançadas em países adversários.
Não se pode falar em desenvolvimento sustentável desassociado de ética, uma vez que aquele é um conceito que envolve compromisso entre objetivos sociais, ecológicos e econômicos e para haver uma certa harmonia entre esses objetivos é imprescindível a ética prevalecer. Conciliar DESENVOLVIMENTO, crescimento econômico com SUSTENTABILIDADE é um grande desafio da sociedade contemporânea, pois é tarefa bastante difícil, mas não é impossível.
O desenvolvimento sustentável busca simultaneamente a eficiência econômica, a justiça social e a harmonia ambiental. Mais do que um novo conceito, é um processo de mudança onde a exploração de recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento ecológico e a mudança institucional devem levar em conta as necessidades das gerações futuras (MAIMON, 1996:10). Assim, o objetivo geral do Desenvolvimento Sustentável (D.S.) é promover o desenvolvimento econômico sem deteriorar ou prejudicar a base que lhe dá sustentação. O D.S. só se concretizará de fato se o homem ganancioso “capitalista selvagem” se tornar um “homem ético” e consciente. Deve haver não só um compromisso, mas uma imediata coerência entre crescimento e manutenção da vida.
Mas até que ponto seria possível promover o desenvolvimento, nos moldes da atual economia de mercado, sem comprometer a qualidade ambiental?
Esta é uma indagação que precisa ser respondida agora, não podemos deixar para as próximas gerações se preocuparem.
É muito comum hoje ouvimos o termo: manejo florestal, que representa o conjunto de regras e métodos utilizados na exploração da floresta para gerar benefícios econômicos e sociais de maneira sustentável. Mesmo com um grande número de áreas obedeça a esses princípios, a utilização do manejo florestal ainda não conseguiu chegar à dualidade esperada: DESENVOLVIMENTO e PRESERVAÇÃO.
Segundo o Dossiê: Florestas sustentáveis, da Revista Horizonte (2006). “Dos 353 milhões de hectares de mata tropical existentes no mundo, fora das áreas protegidas (como parques e reservas) apenas 27% tem programas de manejo legalizados. E apenas 7% são, ao mesmo tempo, produtivos e sustentáveis”. Esses números demonstram que o ataque à floresta, principalmente, à Amazônia é brutal. A ilegalidade é muito freqüente, uma vez que desde os anos 60, a cobertura vegetal, como área equivalente à França já desapareceu na Amazônia pela ação de madeireiros, pecuaristas e atividades mineradoras.
Ainda que ações internacionais como: a conferência das Nações Unidas para o meio ambiente humano (Estocolmo, 1972); para o desenvolvimento (Rio de Janeiro, 1992); a conferência mundial sobre mudanças climáticas, como o Protocolo de Kyoto, em 1997; a Rio +10, em Johanesburgo, 2002 a fim de racionalizar as proposições e metas da agenda XXI, muito ainda precisa ser feito, uma vez que estas e outras ações só serão cumpridas de fato se o poder público, o setor empresarial e a sociedade civil organizada assumirem um compromisso tendo “a ética como base de toda regra de convivência racional e consciente”. (BRANCO, 1991). Neste sentido, a educação ambiental será efetivamente coerente na busca de valores mais adequados ao desenvolvimento sustentável quando o homem dispôs dos princípios éticos fortalecidos pela responsabilidade, humanidade e respeito ao próximo.

Postado por Núbia Leão.
Artigo referente ao curso em Educação Ambiental(2007)
CELLER – Faculdades / EDUCA – Educação Continuada para ser avaliado na disciplina: Ética e Meio Ambiente(Professor: Msc. Luiz Augusto Silva de Sousa)
P.S- Novas alterações em breve!
Forte abraço


REFERÊNCIAS
1. Branco, S.M. O meio ambiente em debate. São Paulo: Moderna, 1991.
2. _______________. O desafio amazônico. São Paulo: Moderna, 1991.
3. MARX, Karl. O capital. Ed. Abril, 1977.
4. PARDO DÍAZ, A. A educação ambiental como resposta. Valores ambientais. In: _______ Educação ambiental como projeto. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
5. REVISTA HORIZONTE GEOGRÁFICO. Dossiê: Florestas sustentáveis: como aproveitar bem os recursos da mata. Nº 106 – Ano 19 – Agosto, 2006.
6. SAMPAIO, Francisco Coelho – Coleção geografia do séc. XXI – Redescobrindo o planeta azul: a terra pede ajuda. Ed. Positivo. Curitiba, 2005.
7. SIOLI, H. Amazônia – Fundamentos da Ecologia da maior região de florestas tropicais. Vozes, 1985.